terça-feira, 17 de novembro de 2009

Bravas e destemidas referências

Assisti recentemente alguns episódios do desenho animado Batman - os bravos e os desteminados. Está passando atualmente no SBT e no Cartoon Network. O desenho é mais lúdico, o Batman retratado é mais bem-humorado e divertido, assim como suas histórias. Não é lá grandes coisas, mas é legal. O que tenho gostado mesmo são as referências presentes em alguns capítulos.

Rei Arthur

No primeiro episódio que assisti, Batman e o Arqueiro Verde foram convocados por Merlin a salvar o reino de perigosos feiticeiros. Tem toda aquela história de "somente um bravo guerreiro conseguirá tirar a espada Excalibur da pedra" e tal. Legal a referência a uma das obras literárias medievais mais conhecidas.


Sherlock Holmes

Houve um outro episódio em que Batman encontrou o detetive mais famoso da literatura: Sherlock Holmes. Como se sabe, a capacidade de investigação, dedução lógica e inferência empregadas pelo personagem de Conan Doyle influenciaram e influenciam até hoje os detetives retratados em diversos meios. Personagens dos seriados de hoje sofrem clara influência, como o detetive Monk e, há suspeitas, até o satírico médico House, já que Conan Doyle inspirou-se em um investigativo professor de medicina que teve para criar Holmes. Certamente o maior detetive dos quadrinhos também foi influenciado pelo detetive mais conhecido da literatura.

Planeta dos macacos

Em outro episódio, Batman se depara com um futuro apocalíptico, em que os humanos foram dominados por outros animais que também desenvolveram inteligência. Tudo obra do gorila Grodd. Macacos em guerra e os humanos submissos no futuro da Terra... isso é uma referência à série de filmes Planeta dos Macacos, ficção científica das telonas que teve uma releitura de Tim Burton há poucos anos. Arrisco dizer ainda que, em determinada cena, quando um gorila gigante vai ao chão e é preso por cordas, isso é uma referência à maneira como o "homem-montanha" foi preso pelos pequeninos humanos nas Viagens de Gulliver.


Musicais

Existe um episódio que é claramente uma homenagem aos musicais. Um inimigo chamado Music Meister (não traduziram o nome) tem o poder de comandar as pessoas com sua melodia. A partir daí todos os heróis e vilões meio que viram marionete de suas vontades. Alguns, como a Canário Negro, entram na cantoria. Diversas cenas são cantadas e até encenadas pelos personagens, nessa referência ao gênero musical. Veja um exemplo: http://www.youtube.com/watch?v=bjh9XmE22cw


Autorreferência

Meu episódio preferido. Batman conhece o vilão Batmite, que tem o poder de alterar a realidade. Em uma determinada cena, ele modifica o próprio Batman, representando várias fases do herói (como, por exemplo, o Batman retratado no Cavaleiro das Trevas e o retratado no antigo seriado de TV. Veja essa cena em http://www.youtube.com/watch?v=n7K-cgiN0NE. Quem acompanhou a Crise Final deve conhecer essas diferentes abordagens do personagem, que estão dentro dos planos para 2010 no trabalho de Grant Morrison). Mas a autorreferência não para por aí... O Batmite convoca a presença dos fãs do Batman para saber a opinião deles. Na convenção, um deles levanta a mão e diz que o Batman retratado, enfrentando monstros e afins, não é o Batman dele. Os roteiras se juntam para dar uma resposta, lida pelo Batmite: o personagem é tão rico que pode ser retratado de diversas formas. O Batman mais aventureiro e bem-humorado é apenas mais uma visão. Metaliguagem pura! Essa é exatamente a visão retratada no desenho. Como vocês puderam perceber, eles até fizeram um resgate de inimigos que não tem mais lugar no universo DC devido a suas inverossimilhanças. E já apresentam sua defesa aos fãs que só gostam do Batman amargurado e obcecado em por ordem em uma cidade hipercriminalizada.


Como disse, o desenho não é lá uma obra-prima, mas vale a pena assistir de vez em quando. Principalmente quem assiste a animações só para ver as referências presentes nelas.

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