WildStorm, para quem não sabe, é a editora de Jim Lee (assim como a Top Cow é do Marc Silvestri), remanescente da Image Comics, e que atualmente se encontra de posse da DC. A Panini, espertinha como é, lançou um encadernado no Brasil para apresentar o que esta editora vem fazendo ultimamente, e escolheu um TPB só com histórias de Alan Moore para este selo. E não é que o mago barbudo consegue fazer jus à propaganda de seu nome? Vejam bem, não são histórias excelentes, as melhores já escritas pelo inglês, mas são legaizinhas, algumas até bem bacanas. Uma boa diversão. A arte é que, de modo geral, peca e não acompanha bem os roteiros.

A última história é bem curta, relacionada a eventos que talvez quem conheça mellhor o passado dos WildCats - não é o meu caso - goste e até entenda mais. Não há muito para contar pois não é bem uma história fechada, necessita de algum entendimento anterior. Destaque para a interação entre os personagens, e só. Há pouco mais a ser dito.O contrário pode ser dito quanto à história de Vodu: a melhor! Na minha humilde opinião, é claro. Alan Moore conseguiu pegar uma personagenzinha fraca e subaproveitada, clichê, e resgatar para ela uma bagagem maior (que o próprio criador da mesma nem sequer chegou a cogitar). Inserindo-a num contexto cultural riquíssimo, redefiniu e norteou toda uma mitologia própria e um background para a Vodu. Uma pena que tão logo a personagem voltou a aparecer nos quadrinhos da editora, tudo isso foi esquecido... Tomando de partida o nome artístico da garota, o mago inglês jogou-a em Nova Orleans e inseriu elementos típicos da religião vodu (não confundir com o voodoo perpetrado por marinheiros ignorantes e supersticiosos e vendido em filmes de terror B norte-americanos), em algumas coisas parecida com a Santería. Para quem conhece um pouco sobre o assunto, as pistas vão sendo deixadas aos poucos pelo autor, nos nomes, nas formas e nos falas das pessoas que a personagem vai conhecendo quando chega à cidade. É estimulante captar e seguir as dicas para tentar descobrir a identidade dos envolvidos.
O início do capítulo 2, Erzulie, mostra o quão poderosas e acima das questões mundanas essas entidades são, e o quanto os seres humanos são apenas marionetes para elas. E é assim que Priscilla, a Vodu do título, passa pela história: nada de super-heroísmo, apenas uma garota sensual (a cena da dança é bem sugestiva!) recém-chegada servindo aos desígnios de forças maiores. Ótima história, sem colantes coloridos, e excelente oportunidade para aprender um pouco mais sobre tão rica e diversificada religião. Uma pena que nesta edição a Panini não tenha incluído todas as capas da minissérie, são muito boas...
Filme sugerido: Identidade (Identity, 2003), com John Cusack.
2 comentários:
Cara, muito boa a resenha/crítica... fiquei realmente interassado. Inclusive nos contos sugeridos. Um abração e até!
Obrigado, que bom que vc se interessou. Acho que todos que gostam de quadrinhos também gostam de ficção científica (na verdade, gostam de uma boa história), daí acho que os contos seriam bem-vindos. Acho legaltambém a questão das histórias em quadrinhos (ou banda desenhada) suscitarem interesse e curiosidade sobre outros assuntos, não só entropia, por exemplo, mas também mitos e religiões como o vodu. E nisso Alan Moore nos agracia deixando-nos ávidos por saber mais do assunto, né? Abraço!
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